quinta-feira, dezembro 01, 2011

Nossas Ações

Somos como estranhos em nós mesmos. Não temos discernimentos de nossa estrutura!
Quando pensamos estarmos agindo de forma regular, com os parâmetros de ética, de imparcialidade, equidade e piedade, somos tendenciosos por um ou outro lado.
Estamos sempre prontos em apontar os defeitos alheios. Nosso indicador está sempre em riste para nosso semelhante.
Sabemos como ninguém, corrigir, admoestar, bisbilhotar, palpitar com a vida dos outros. Criar os filhos dos outros, dando-lhes conselhos que muitas vezes não são respaldados pela ótica dos pais.
Apontamos os defeitos e deslizes sem nenhum senso de compaixão.
Apontamos o caminho do inferno para nosso irmão com tanto entusiasmo, como se esperássemos ser condecorados por tal atitude. E ainda nos vangloriamos disso!
Todos os males do mundo, toda violência, toda maledicência, debitamos aos outros.
Somos os santos, somos os corretos, somos a perfeição, somos os privilegiados de Deus!
Somos o exemplo a seguir, somos a casta nobre das criaturas de Deus, segundo nosso entendimento, segundo as doutrinas que seguimos e achamos correta pois as demais não acrescentam nada, não têm o padrão (segundo o que achamos) de Deus.
Assim é o homem, e assim colabora com o plano de Deus, segundo seu próprio padrão!
Longe... Muito longe disso! – Sempre fazemos por conta do que nos convém. Sempre encontramos alguma desculpa esfarrapada para que justifique nossos erros e nos esconda do nosso próprio vômito, da nossa podridão.
Se abraçamos, é com reservas, se conversamos não ousamos olhar nos olhos, estamos sempre com o pé atrás. Temos o outro sempre em conta da marginalidade e da má conduta.
Quando nos dispusermos a abraçar o mundo, salvar o próximo, não estaremos fazendo outra coisa, senão, abraçando a nós mesmos, salvando-nos de nossas mazelas, nosso egoísmo, nossos desmandos, nossa iniqüidade. Quando assim procedermos, estaremos buscando aprisco para nossa alma, ungüento para nossas próprias feridas, alento para nosso coração despedaçado e rancoroso.
Assim conseguiremos encontrar uma fonte perene que nos alivie a sede, que nos conforte e nos refrigere a alma, deixando-nos fortalecidos para continuar a caminhada.
No entanto esperamos alguma justiça do injustificável, até quando nos encontrarmos diante de uma dura encruzilhada da estrada; o inevitável processo de deteriorização.
Aí começamos uma jornada de introspecção. Olhamos para nosso interior e vemos que não somos nada, nada promovemos pelo bem do próximo, nada valemos e olhamos para nossas dores ainda com um ar de autoridade. “Esse mal não me pertence, sou de Deus e Ele não quer isso pra mim!”
Nosso orgulho ainda é latente, mas o “torniquete” aperta e não agüentamos, então começamos a choramingar ou quando não, a gritarmos por socorro em desespero. Até parece que somos os únicos a sentir tamanha dor. O mal dos outros não nos causava nenhum choque.
Mas agora o meu mal é tremendo! – “Senhor eu não agüento! – Alivia-me, sou muito fraco! – Me cura, me liberta me leva aos teus átrios para que eu veja tua face, (mas não precisa ser agora Senhor!)”
Estou aprendendo muitas coisas, essas dores me levaram a entender melhor à vontade de Deus em minha vida. Agora me vejo no outro, agora consigo enxergar o sofrimento alheio. Agora no fim da jornada, vejo o quanto fui ingrato, o quanto fui mesquinho.
Quisera voltar atrás para que pudesse fazer algo pelo próximo e não vejo nenhuma perspectiva aqui agonizando neste leito.
Quanto tempo desperdiçado e quantas almas que não tive a coragem de alcançá-las, de aconchegá-las num abraço, numa palavra acolhedora e salvadora!
Desperdicei meu tempo pensando em mim mesmo sem nunca me incomodar com o semelhante.
Agora só tenho uma palavra de oração: - Deus meu, tenha piedade de mim e me alcance a Tua Misericórdia!


Alberio Leal  -Nov/2009

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