Quando
pensamos estarmos agindo de forma regular, com os parâmetros de
ética, de imparcialidade, equidade e piedade, somos tendenciosos por
um ou outro lado.
Estamos
sempre prontos em apontar os defeitos alheios. Nosso indicador está
sempre em riste para nosso semelhante.
Sabemos
como ninguém, corrigir, admoestar, bisbilhotar, palpitar com a vida
dos outros. Criar os filhos dos outros, dando-lhes conselhos que
muitas vezes não são respaldados pela ótica dos pais.
Apontamos
os defeitos e deslizes sem nenhum senso de compaixão.
Apontamos
o caminho do inferno para nosso irmão com tanto entusiasmo, como se
esperássemos ser condecorados por tal atitude. E ainda nos
vangloriamos disso!
Todos
os males do mundo, toda violência, toda maledicência, debitamos aos
outros.
Somos
os santos, somos os corretos, somos a perfeição, somos os
privilegiados de Deus!
Somos
o exemplo a seguir, somos a casta nobre das criaturas de Deus,
segundo nosso entendimento, segundo as doutrinas que seguimos e
achamos correta pois as demais não acrescentam nada, não têm o
padrão (segundo o que achamos) de Deus.
Assim
é o homem, e assim colabora com o plano de Deus, segundo
seu próprio padrão!
Longe...
Muito longe disso! – Sempre fazemos por conta do que nos convém.
Sempre encontramos alguma desculpa esfarrapada para que justifique
nossos erros e nos esconda do nosso próprio vômito, da nossa
podridão.
Se
abraçamos, é com reservas, se conversamos não ousamos olhar nos
olhos, estamos sempre com o pé atrás. Temos o outro sempre em
conta da marginalidade e da má conduta.
Quando
nos dispusermos a abraçar o mundo, salvar o próximo, não estaremos
fazendo outra coisa, senão, abraçando a nós mesmos, salvando-nos
de nossas mazelas, nosso egoísmo, nossos desmandos, nossa
iniqüidade. Quando assim procedermos, estaremos buscando aprisco
para nossa alma, ungüento para nossas próprias feridas, alento para
nosso coração despedaçado e rancoroso.
Assim
conseguiremos encontrar uma fonte perene que nos alivie a sede, que
nos conforte e nos refrigere a alma, deixando-nos fortalecidos para
continuar a caminhada.
No
entanto esperamos alguma justiça do injustificável, até quando nos
encontrarmos diante de uma dura encruzilhada da estrada; o
inevitável processo de deteriorização.
Aí
começamos uma jornada de introspecção. Olhamos para nosso interior
e vemos que não somos nada, nada promovemos pelo bem do próximo,
nada valemos e olhamos para nossas dores ainda com um ar de
autoridade. “Esse mal não me pertence, sou de Deus e Ele não quer
isso pra mim!”
Nosso
orgulho ainda é latente, mas o “torniquete” aperta e não
agüentamos, então começamos a choramingar ou quando não, a
gritarmos por socorro em desespero. Até parece que somos os únicos
a sentir tamanha dor. O mal dos outros não nos causava nenhum
choque.
Mas
agora o meu mal é tremendo! – “Senhor eu não agüento! –
Alivia-me, sou muito fraco! – Me cura, me liberta me leva aos teus
átrios para que eu veja tua face, (mas não precisa ser agora
Senhor!)”
Estou
aprendendo muitas coisas, essas dores me levaram a entender melhor à
vontade de Deus em minha vida. Agora me vejo no outro, agora consigo
enxergar o sofrimento alheio. Agora no fim da jornada, vejo o quanto
fui ingrato, o quanto fui mesquinho.
Quisera
voltar atrás para que pudesse fazer algo pelo próximo e não vejo
nenhuma perspectiva aqui agonizando neste leito.
Quanto
tempo desperdiçado e quantas almas que não tive a coragem de
alcançá-las, de aconchegá-las num abraço, numa palavra acolhedora
e salvadora!
Desperdicei
meu tempo pensando em mim mesmo sem nunca me incomodar com o
semelhante.
Agora
só tenho uma palavra de oração: - Deus
meu, tenha piedade de mim e me alcance a Tua Misericórdia!
Alberio Leal -Nov/2009
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